Dentro da campanha Junho Violeta, apoiada pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia, o hábito de coçar os olhos ganhou destaque. Colocar as mãos nos olhos constantemente não é algo inofensivo. O hábito, apesar de comum, é bem ruim para a visão e fragiliza as fibras da córnea, podendo desencadear ou agravar o ceratocone, uma doença de origem genética que provoca uma degeneração da membrana.
O ceratocone é mais comum entre adultos jovens, mas pode surgir também na infância ou na adolescência. Geralmente, a doença tende a estabilizar a partir dos 35 anos. Mas até lá é preciso atenção e cuidados para conter o seu avanço que, quando grave, pode levar a um transplante de córneas. O ceratocone caracteriza-se por um afinamento e deformação da membrana. O tecido vai adquirindo um formato irregular, mais cônico. Os sintomas são o aparecimento de miopia e alto grau de astigmatismo, aliado à baixa visão. É preciso ficar atento, já que a condição pode surgir na infância. A dificuldade para enxergar deve sempre ser um chamado para os pais levarem as crianças para uma avaliação médica.
Coceira
A coceira nos olhos é um sintoma e também um alerta, que pode ajudar o paciente a chegar ao diagnóstico. Por isso mesmo, a campanha “Junho Violeta” destaca os riscos desse hábito. Quanto mais cedo o oftalmologista for procurado, mais chances existem de controle. Para quem tem o ceratocone, é muito importante não coçar os olhos. Para amenizar a sensação o oftalmologista pode receitar colírios antialérgicos.
Doença tem solução
Embora a doença cause preocupação, a boa notícia é que o seu tratamento evoluiu muito. Dos óculos, que podem ajudar a melhorar a visão, até técnicas cirúrgicas modernas, existem várias opções para controlar e conviver com a doença. O cross-linking, uma das alternativas disponíveis, é uma cirurgia que pode evitar a evolução, e assim os transplantes de córnea. Existe também a opção de lentes de contato. De acordo com os médicos, as novas lentes, chamadas de esclerais, provocam uma revolução no tratamento, já que ao contrário das versões antigas elas são estáveis nos olhos e confortáveis. O paciente não sente a presença da lente no olho. As lentes esclerais surgiram nos Estados Unidos, na Universidade do Colorado e são uma importante opção para a reabilitação visual. O fato de não serem apoiadas nas córneas faz delas uma solução muito confortável para os pacientes, isso porque apoiam-se na esclera – área periférica da córnea, muito menos sensível. Além disso, funcionam como uma espécie de proteção aos olhos.
O “Junho Violeta” quer chamar atenção para os novos tratamentos disponíveis e para antigos hábitos que devem ser esquecidos, como o de coçar os olhos.