Nem tudo são flores com a chegada da primavera. Algumas doenças oculares pré-existentes pioram durante a estação. Segundo os oftalmologistas a principal é o ceratocone, maior causa de baixa visão na adolescência que atinge 100 mil brasileiros e responde por 70% dos transplantes de córnea no país. Isso porque, uma pesquisa online realizada pelo especialista com 315 portadores mostra que 50% apresentaram alergias respiratórias que aumentam na primavera por conta da maior concentração de pólen, poluição e bruscas variações térmicas. Estas condições ambientais também favorecem a piora do ceratocone. Isso porque, os olhos coçam e a fricção frequente provoca o enfraquecimento das fibras de colágeno da córnea que caracteriza a doença.
A dica para alívio imediato de uma crise alérgica é aplicar compressas de água gelada sobre os olhos. Caso a coceira não desapareça, orienta consultar um oftalmologista. O tratamento é feito com colírio antialérgico ou com corticóide nos casos mais graves. Independente da fórmula, o colírio só deve ser usado com prescrição e acompanhamento médico porque todos são medicamentos e o uso incorreto pode causar outras doenças nos olhos.
Baixa umidade
A pesquisa mostra que a síndrome do olho seco atinge 24% dos portadores de ceratocone, contra 12% da população geral. A baixa umidade típica da primavera agrava o ressecamento da lágrima e expõe a córnea a maior risco, principalmente porque 60% das pessoas com ceratocone só conseguem boa correção visual usando lente de contato que na maioria dos casos se torna bastante desconfortável com o ressecamento da lágrima. Para melhorar a lubrificação dos olhos recomendam-se:
* Usar lágrima artificial sem conservante.
* Incluir na dieta alimentos ricos em ômega 3 como sardinha e linhaça
* Reforçar o consumo de legumes verduras e frutas ricos em vitamina A e E.
* Beber bastante água, manter os ambientes livres de poeira e umidificados com uma vasilha de água.
* Evitar travesseiros de pena e condicionador de ar.
Nova terapia
A boa notícia é que hoje a nova versão do crosslink, único tratamento capaz de interromper a progressão do ceratocone pode ser aplicada em córneas mais finas. Isso porque, não retina o epitélio, camada externa da córnea como acontece na técnica tradicional. Independente da técnica, o crosslink associa vitamina B2 (riboflavina) com radiação ultravioleta para aumentar a resistência das fibras de colágeno da córnea em até 3 vezes. A tradicional só pode ser aplicada em córneas com espessura mínima de 400 micras. A nova versão permite a aplicação em córneas de, no mínimo, 300 micras, possibilitando, portanto, interromper a evolução de casos mais avançados de ceratocone.
A eficácia do tratamento ainda é questionada por alguns especialistas, mas o procedimento causa menos dor, a recuperação visual é mais rápida e o risco de infecção é menor. Além disso, um grupo de estudos dos EUA que acompanhou pacientes por 3 e 6 meses mostra que as duas técnicas são eficazes e que pacientes com mais de 35 anos podem obter resultados semelhantes aos mais jovens com o novo procedimento.