Contra o Corinthians, no sábado, atacante contou que viu duas bolas num mesmo lance e que estava feliz porque conseguiu acertá-la, marcando gol.
Na vitória do Fluminense contra o Corinthians, no último sábado, o atacante Fred contou sobre seu problema na visão. Na entrevista após o jogo, o veterano, que se aposenta dos gramados neste fim de semana, até brincou que foi complicado acertar a bola para marcar um dos quatro gols da sua equipe porque está com “visão dupla”.
Não é a primeira vez que o jogador tem o mesmo sintoma. Em 2020, ele operou o olho esquerdo e ficou cerca de um mês afastado. Desta vez, porém, ele não deve passar por cirurgia.
A “visão dupla” é o nome popular para a diplopia. Esse sintoma ocorre quando uma pessoa enxerga uma única imagem como se fossem duas. A diplopia pode ocorrer por diversos fatores como consequência da diabetes, infecções virais ou traumas.
Rubens Belfort Jr, professor titular no departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Academia Nacional de Medicina, explica que a diplopia é incômoda. Comparou com um filme 3D, sem os óculos que auxiliam na exibição.
— E o cérebro, que manda a ordem para os olhos trabalharem de forma harmônica, acaba se atrapalhando porque recebe duas informações diferentes sobre a mesma coisa, ao mesmo tempo. Ele não consegue trabalhar bem, é ruim, incômodo — conta Belfort, que explica que há pacientes que acabam fechando uma das vistas ou virando a cabeça para “ficar livre de uma das imagens”.
Sintomas
O oftalmologista observa que existem níveis e tipos diferentes de diplopia e que a cirurgia é o mais indicado nestes casos (há a possibilidade também de o paciente usar óculos especial, com prisma, para corrigir o sintoma). Alguns têm dores de cabeça e cansaço. Especialista em Visão Binocular, Diplopia e Estrabismo do Hospital de Clínicas da Unicamp, a oftalmologista Nilza Minguini explana a consequência de tais sintomas no caso de esportistas.
— Uma pessoa com visão dupla pode sentir tonturas e confundir a imagem verdadeira com a falsa. Ela perde a visão de profundidade, o que pode impedir a prática de esportes com bola, como tênis e futebol — disse.
A intervenção é minuciosa, extraocular, com corte na conjuntiva (parte branca que recobre o olho) até o músculo. Há situações em que é necessário operar os dois olhos.
— O operação não é no olho em si, e sim no músculo. É preciso enfraquecer o músculo ou fortalecê-lo. Como se a cirurgia fosse na rédea do cavalo e não no cavalo. Uma charrete não funciona bem quando um cavalo vai para um lado e o outro, na direção oposta. É preciso harmonia — comparou Belfort, que também explicou que é possível, com o tempo, a cirurgia perder o efeito.