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A febre amarela pode afetar os olhos?

Com o recente aumento dos casos de febre amarela silvestre que o Brasil vivencia, e a consequente corrida aos postos de vacinação, muitas dúvidas surgem sobre a doença e seus diversos efeitos no organismo.

Uma questão comum levantada pelos pacientes do H.Olhos é se o problema pode, de alguma forma, comprometer a visão.

Dr. Pedro Antonio Nogueira Filho, especialista em córnea e doenças oculares externas e chefe do pronto-socorro do hospital, explica. “Diretamente não. Entretanto, há relatos, raros, de que em alguns indivíduos foram observados quadros inflamatórios oculares como possível reação adversa após a vacinação contra a doença. Essas manifestações podem estar associadas às uveítes, caracterizadas pela inflamação da úvea (conjunto de estruturas formado pela íris, corpo ciliar e coróide); e vasculites, que se tratam da inflamação da parede dos vasos sanguíneos, podendo em ambos os casos levar à baixa da visão associada ao processo inflamatório.”

O médico ressalta que os pacientes com tais manifestações oftalmológicas pertencem possivelmente aos grupos com contraindicação à vacinação e cujos mecanismos normais de defesa contra as infecções estão enfraquecidos. “Como a vacina contém o vírus vivo atenuado, para estes indivíduos a necessidade da vacinação deve ser excluída ou autorizada caso a caso após avaliação por um especialista”, comenta.

Indivíduos com o sistema imunológico debilitado, como aqueles com doenças autoimunes, em tratamento com imunossupressores, com câncer e em tratamento ou não com quimioterapia/radioterapia, além de diabéticos, pessoas com HIV e que tem contagem de células CD4 menor que 350, os portadores de alergia grave ao ovo e mulheres amamentando crianças menores de 6 meses de idade podem ter reações adversas com a vacina, inclusive nos olhos.

“Destaque também para pessoas que estão se recuperando de cirurgias, tais como os transplantes de órgãos que necessitam de imunossupressão, condição que leva a uma redução da capacidade de resposta imunológica do organismo. Na área oftalmológica, os pacientes submetidos previamente a transplante de córnea estão aptos para a vacinação, exceto os que se encontram em imunossupressão sistêmica. Em caso de dúvida, é fundamental se consultar com um médico antes da imunização e ter ciência se você se encaixa em um grupo de pessoas para o qual não é indicada a proteção contra a febre amarela”, diz o Dr. Pedro Antonio.

No site do Ministério da Saúde é possível encontrar orientações e quem pode ou não receber a vacina: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/febre-amarela

Mas e os olhos amarelados?

Um dos sintomas avançados da febre amarela é a icterícia. “O problema é decorrente de um processo inflamatório do fígado. Isso leva a um aumento na produção das enzimas hepáticas que, em concentrações elevadas, por um excesso de bilirrubina que se armazena nos tecidos, torna-se evidente uma coloração amarelada e que ganha destaque na parte branca dos olhos, por ser uma região mais clara que a pele. Porém, não afeta a visão”, esclarece o médico.

A febre amarela atual é apenas silvestre

O vírus que causa a febre amarela, urbana ou silvestre, é exatamente o mesmo. A febre amarela silvestre é transmitida por mosquitos (Haemagogus e Sabethes) que habitam matas e a beira dos rios. A febre amarela urbana não existe no Brasil desde 1942 e a diferença é que ocorre quando um mosquito que existe nas cidades, o Aedes aegypti, pica uma pessoa doente e depois pica outra pessoa susceptível, transmitindo a febre amarela.

 

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