Crianças com rinite e outras alergias têm um risco maior de desenvolver quadros de conjuntivite alérgica
Os sintomas da conjuntivite alérgica em crianças não diferem muito das manifestações na população em geral. De qualquer maneira, podem ser bastante incômodos e afetam a qualidade de vida na infância.
Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra e especialista em estrabismo, os principais sintomas da conjuntivite alérgica em crianças são coceira intensa nos olhos, vermelhidão na parte branca dos olhos (esclera), lacrimejamento, inchaço nas pálpebras, quemose (inchaço na conjuntiva) e acúmulo de secreção esbranquiçada nos olhos.
“Contudo, vale esclarecer que existem alguns tipos de conjuntivite alérgica, que variam de acordo o tipo de reação do sistema imunológico. Por este motivo, os sintomas podem se manifestar de forma distinta de paciente para paciente”, comenta a médica.
Proteção em excesso
Antes de falarmos mais sobre a conjuntivite alérgica, é importante entender o mecanismo por trás das reações alérgicas. O sistema imunológico é essencial para defender o corpo da invasão de vírus, bactérias e outros agentes. Esta defesa ocorre por meio de reações imunológicas que produzem os anticorpos que combatem os “invasores”.
Entretanto, algumas pessoas apresentam uma reação imunológica excessiva, chamada de hipersensibilidade. Quando isto ocorre, ao invés de ajudar, a resposta imune pode causar prejuízos no organismo, como a conjuntivite alérgica. Há quatro tipos de hipersensibilidade, sendo a tipo I e a tipo IV as que estão envolvidas nas alergias oculares.
Rinite é fator de risco para conjuntivite alérgica
A conjuntivite alérgica quase sempre está relacionada a outros problemas respiratórios, como rinite e sinusite, por exemplo. Estima-se que 30% das crianças alérgicas apresentam conjuntivite alérgica, bem como têm um risco aumentado para desenvolver episódios recorrentes da doença.
“A conjuntivite alérgica ocorre com uma resposta imediata do organismo ao contato com um alérgeno. A criança brinca com um gato, por exemplo, e em seguida começa a apresentar espirros, coceira no olho e os demais sintomas. Outros exemplos de agentes alérgenos são: poeira, ácaros, odores e poluição”, comenta Dra. Marcela.
As mudanças climáticas também estão associadas à conjuntivite alérgica. “Com a entrada do outono, os casos se intensificam devido a alterações na imunidade e maior presença de agentes alérgenos, como ácaros, suspensos no ar. O nome usado para este tipo de alergia é conjuntivite alérgica sazonal”, conta a especialista.
Vale lembrar que produtos químicos também podem desencadear a conjuntivite alérgica, como esmaltes, perfumes, cremes, cloro de piscina etc.
Sintomas da conjuntivite alérgica em crianças são diferentes da forma infecciosa
Como já dissemos acima, os sintomas da conjuntivite alérgica em crianças podem afetar bastante a qualidade de vida. Vamos lembrar quais são?
* Coceira intensa nos olhos
* Vermelhidão na parte branca dos olhos (esclera)
* Inchaço na conjuntiva (quemose)
* Lacrimejamento
* Secreção esbranquiçada
Um alerta importante é saber diferenciar os sintomas da conjuntivite alérgica das formas infecciosas da doença. A coceira é um sintoma bem típico da forma alérgica, enquanto nas conjuntivites infecciosas o que mais chama atenção são a ardência e a vermelhidão.
Para além disto, a forma alérgica dura semanas e as infecciosas se resolvem em menos tempo. Por fim, a secreção purulenta e em abundância é peculiar na conjuntivite infecciosa. Na conjuntivite alérgica a secreção é mais esbranquiçada.
O que fazer ao notar sintomas da conjuntivite alérgica em crianças?
Em alguns casos, a conjuntivite alérgica desaparece com o uso de antialérgicos, compressas de água fria e colírios lubrificantes. Naturalmente, é importante afastar a criança do agente que causou a reação alérgica. Caso os sintomas persistam, o ideal é procurar o oftalmopediatra.
“Em contrapartida, há crianças que apresentam quadros crônicos de alergia ocular e, nesses pacientes, o tratamento pode envolver o uso de corticoides e outros medicamentos por tempo prolongado”, finaliza Dra. Marcela.