Consultas regulares com o oftalmologista ajudam a prevenir e melhorar a qualidade de vida das pessoas com essa condição.
Conscientizar sobre o bem-estar e a inclusão das pessoas com a Síndrome de Down é o objetivo do Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado em 21 de março. Causada pela trissomia do cromossomo 21 – uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais na posição 21 – a Síndrome de Down está presente em cerca de 300 mil brasileiros, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Levantamento do perfil sociodemográfico, necessidades e barreiras de acesso a serviços públicos por pessoas com síndrome de Down, divulgado no fim do ano passado, mostrou que na área de saúde, em razão da síndrome, 81,21% dos integrantes desse grupo precisam de acompanhamento regular especializado em oftalmologia. “A preocupação com a visão desses pacientes é muito importante. Garantir um bom desenvolvimento da visão vai ajudar na aquisição de outras habilidades e na melhor integração social”, observa o oftalmologista Natanael de Abreu Sousa, especialista em Estrabismo e Neuroftalmologia do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), empresa do Grupo Opty no Distrito Federal.
Crianças com síndrome de Down podem apresentar doenças oculares e infecções nos olhos mais frequentemente e, por essa razão, é aconselhável fazerem exames de rotina regularmente. “Em geral, a maioria das condições é tratável e reversível, seja por uso de óculos, tratamentos médicos específicos ou intervenção cirúrgica”, diz o oftalmologista. Entre as afecções oculares mais recorrentes estão:
– Erros refracionais, sendo os mais comuns a hipermetropia (45% dos casos), miopia (33%) e astigmatismo (22%).
– Estrabismo, com prevalência de 23% das crianças com Down terão esse problema, que traz consigo o risco de ambliopia (visão preguiçosa) do olho desviado.
– Blefarite. Até 81,9% podem desenvolver esse distúrbio em algum momento da infância, que causa uma inflamação das margens, pálpebras e cílios, resultando em olho vermelho, prurido, descamação e secreção crônica/ recorrente, podendo evoluir para complicações, como o terçol.
– Nistagmo, uma oscilação involuntária e rítmica dos olhos, que pode diminuir a acuidade visual, que atinge cerca de 11% das crianças com Down
– Ceratocone, doença associada à alergia ocular crônica, que apresenta astigmatismo progressivo, as custas de afinamento e irregularidade corneana.
– Ceratite, uma irritação da córnea, comum devido ao formato palpebral característico da Síndrome de Down, aquele olhinho mais puxado, que pode favorecer a rotação interna dos cílios. Dependendo do caso, é indicado correção cirúrgica.
– Catarata, congênita ou do desenvolvimento, que provoca opacidade do cristalino em até 38% dos pacientes. Alguns podem ter alteração na cor da pupila (leucocoria ou pupila branca).
O especialista reforça que o diagnóstico precoce melhora o prognóstico das doenças, portanto é preciso que a primeira consulta oftalmológica se realize quanto antes, preferencialmente durante os três primeiros meses de vida, e se repita aos seis e depois aos 12 meses. Após este prazo, o acompanhamento deve ser feito anualmente. “Quanto mais cedo a criança com síndrome de Down iniciar as consultas ao oftalmologista, melhor, já que a visão tem influência direta na aprendizagem e desenvolvimento neuropsicomotor”, ressalta o Dr. Natanael de Abreu Sousa.