Detectando Alzheimer nos olhos
Aumentaram as expectativas de um diagnóstico de Alzheimer por um exame dos olhos. Um monitoramento simples dos olhos pode dar indicações precoces sobre o desenvolvimento da doença de Alzheimer. A descoberta de que pessoas com Alzheimer têm dificuldade com um tipo específico de exame ocular foi feita por uma equipe de pesquisadores de três universidades britânicas. Para aferir suas hipóteses, o Dr. Trevor Crawford e seus colegas da Universidade de Lancaster pediram a vários grupos de voluntários que seguissem o movimento de uma luz na tela de um computador. Em um determinado momento do exame, os médicos pediam aos pacientes para mover o olho para o lado oposto, afastando-o da luz.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) descobriram que medir a rapidez com que a pupila de uma pessoa se dilata durante testes cognitivos pode ser um método de baixo custo e não invasivo para auxiliar na triagem de indivíduos com maior risco para Alzheimer antes do início do declínio cognitivo que marca a condição.
A doença de Alzheimer começa a alterar e danificar o cérebro anos – até décadas – antes que os sintomas apareçam, tornando a identificação precoce primordial para retardar sua progressão.
O novo estudo se concentrou nas respostas pupilares que são controladas pelo cerúleo, ou locus coeruleus, um aglomerado de neurônios no tronco cerebral envolvidos na regulação da excitação e também na modulação da função cognitiva.
Tau, cerúleo e Alzheimer
A proteína tau é o biomarcador conhecido mais precoce da doença de Alzheimer, e ela aparece inicialmente no cerúleo – a tau está mais fortemente associada à cognição do que a beta-amiloide.
Ocorre que o cerúleo também controla a resposta pupilar – a alteração do diâmetro das pupilas dos olhos – durante tarefas cognitivas. O que a equipe constatou é que as pupilas aumentam mais quanto mais difícil é a tarefa cerebral, o que pode servir como um indicador da doença de Alzheimer.
“Dada a evidência que liga as respostas pupilares, o cerúleo e a tau, e a associação entre a resposta pupilar e os escores de risco poligênico de Alzheimer (uma contabilização agregada de fatores para determinar o risco herdado de Alzheimer de um indivíduo), esses resultados são uma prova de conceito que medir a resposta da pupila durante tarefas cognitivas pode ser outra ferramenta de triagem para detectar a doença de Alzheimer antes que os sintomas apareçam,” disse o professor William Kremen, responsável pela pesquisa.