Além de fios de cabelo, unhas, esmalte dentário e pelos, há apenas uma parte do corpo sem suprimento sanguíneo – e ela está bem no seu olho
Sem contar as células mortas e algumas pequenas extremidades, a córnea é a única parte do corpo humano com células vivas que não são diretamente irrigadas por vasos sanguíneos. Mas por que isso acontece?
A resposta é simples: essa estrutura ocular precisa ser transparente para garantir uma visão clara. Com um papel significativo para garantir a proteção, o foco e a nitidez da visão, a córnea recebe oxigênio e nutrientes por meio de líquidos que hidratam os olhos, como a lágrima e o humor aquoso.
Além das córneas, outras porções do corpo não contam com vasos sanguíneos: a extensão do cabelo e dos pelos, as unhas e o esmalte do dente. Essas extremidades, no entanto, não são consideradas partes vivas do organismo.
O que é a córnea?
A córnea é uma camada protetora vital para a visão. Trata-se de uma membrana fina, transparente e fibrosa, situada na parte anterior do globo ocular. Ou seja, ela fica bem na frente do olho, como se fosse o vidro de um relógio ou um para-brisa.
Além da transparência, outra característica dessa estrutura é a curvatura que filtra os raios ultravioletas e ajuda a formar a imagem na retina com foco e nitidez. A córnea também é extremamente sensível e, por estar na linha de frente, possui a capacidade de autorreparar de fora rápida e eficaz.
Para que serve a córnea?
A córnea executa duas funções essenciais: protege os olhos de germes, partículas de poeira e outros corpos nocivos, e está atrelada ao foco. Esse tecido funciona como uma janela que controla a entrada e refração da luz nos olhos.
Para enxergar claramente, os raios de luz devem ser focalizados pela córnea e direcionados de maneira precisa e a’te a retina. Se a córnea se torna opaca ou embaçada, o indivíduo pode ter a sua visão bastante prejudicada ou, até mesmo, perdida.
Acidentes, infeções, queimaduras e arranhões podem levar à formação de cicatrizes na córnea, que contribuem para a perda de transparência da membrana e causam defeitos de visão. Em alguns casos, pode ser necessário realizar um transplante de córnea para remediar o problema.
Se a córnea não recebe sangue, como ela é nutrida?
No restante do corpo, é o sangue que transporta os nutrientes aos órgãos e remove metabólitos que precisam ser eliminados. Já na córnea, essa tarefa é realizada por outros agentes.
O oxigênio é difundido principalmente por meio do fluido lacrimal. A glicose e os aminoácidos, por sua vez, são em sua maioria transportados através do humor aquoso – que fica entre o cristalino e a córnea – e das fibras nervosas.
Por conta desse funcionamento particular, um dos principais problemas para quem utiliza lentes de contato é a redução do fornecimento de oxigênio pelo canal lacrimal.
Isso pode levar a neovascularização da córnea, o que consiste na formação de vasos sanguíneos anormais na região. Para previnir esse quadro, a recomendação é realizar acompanhamento médico periódico e optar por lentes de silicone do tipo hidrogel.
Anatomia da Córnea.
Embora não tenha vasos sanguíneos, a córnea conta com uma série de terminações nervosas livres e outras estruturas, que podem ser divididas em seis camadas:
Epitélio: essa é a mais externa delas e é extremamente sensível à dor, por conta da rede de nervos presentes nessa camada. Sabe aquele incômodo chato causado por um “cisco” minúsculo no olho? Seja um cílio ou uma partícula de poeira, quando há um corpo estranho na região, essa estrutura é a responsável por fazer você sentir a presença do intruso.
Camada de Bowman: formada essencialmente de colágeno, essa é uma camada resistente, que ajuda a manter a estrutura e o formato da córnea;
Estroma: camada mais espessa da córnea, o estroma ajuda a refratar a luz que chega ao olho e a ajustar o foco nas retinas;
Camada pré-Descemet (PDL): também chamada de “camada de Dua”, essa barreira hermética é uma descoberta recente dos cientistas. Antes, considerava-se que a estrutura fazia parte do estroma. A camada é responsável por separar o fluido do olho do ar do mundo externo;
Camada de Descemet: embora seja bastante resistente, essa camada é fina e elástica. Essa estrutura participa dos processos de combate a lesões e a infecções no interior do olho;
Endotélio: essa camada é responsável pelo equilíbrio de fluidos no interior do olho. Isto é, garante que haja água e fluido suficientes no estroma para que a córnea mantenha seu funcionamento adequado.