Atriz da minissérie indicada ao Globo de Ouro, cega na trama, sofre na vida real com a visão limitada a tons de cinza.
Lançada no ano passado na Netflix, a minissérie “Toda a Luz que Não Podemos Ver” emocionou muita gente e logo ficou entre os dez mais assistidos da plataforma, tanto que recebeu indicação ao Globo de Ouro 2024 na categoria Melhor Minissérie.A premiação celebra os melhores do cinema e televisão no mundo aconteceu no domingo, 7/1, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Baseada no livro homônimo do norte-americano Anthony Doerr, a trama conta a história de Werner, um órfão alemão com habilidades em rádio, e Marie-Laure, uma jovem francesa cega cujas vidas se entrelaçam durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de não ter levado o prêmio, a produção chamou atenção também para a atriz estreante que interpreta Marie -Laure na fase adulta, a americana Aria Mia Loberti, que não é realmente cega, mas sofre de acromatopsia, uma doença genética que impede que seu portador identifique cores. “Acromatopsia é uma alteração da retina que provoca sintomas como baixa acuidade visual, fotofobia, movimento involuntário dos olhos e dificuldade para enxergar cores, como se a pessoa visse tudo em tons de cinza”, explica o oftalmologista Vinicius Kniggendorf, especialista em Retina e Vítreo no Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), empresa do Grupo Opty no Distrito Federal.
O médico observa que a acromatopsia pode acontecer tanto em homens como em mulheres e é comumente confundida com o daltonismo, apesar de terem características bem diferentes, e ressalta as dúvidas mais comuns sobre essa condição:
O que causa acromatopsia?
A acromatopsia ou monocromatismo é uma anomalia congênita caracterizada pela ausência ou mau funcionamento das células fotorreceptoras da retina(cones). É uma condição extremamente rara.
Qual a diferença entre acromatopsia e daltonismo? Quais são os sintomas característicos e como é diagnosticada clinicamente?
Diferente do daltonismo – que é uma condição visual que leva à confusão entre algumas cores, mais comumente o vermelho e o verde – acromatopsia é caracterizada pela ausência de percepção das cores. Portadores de acromatopsia completa enxergam em preto, branco e tons de cinza. Já os indivíduos que apresentam o tipo incompleto têm percepção de algumas poucas cores. O diagnóstico geralmente é feito através de exames oftalmológicos abrangentes, incluindo testes de visão de cores e avaliação da função retiniana.
É uma doença genética ou adquirida?
Geralmente, a cegueira de cores surge desde o nascimento, tendo uma alteração genética como causa principal. Em casos mais raros, porém, tumores e/ou lesões no cérebro podem levar ao desenvolvimento da doença.
Quais são as opções de tratamento disponíveis para pessoas com acromatopsia?
Atualmente, não há uma cura definitiva para a acromatopsia, mas existem estratégias de gestão. Isso pode incluir o uso de óculos especiais para reduzir a sensibilidade à luz intensa, dispositivos auxiliares e, em alguns casos, intervenções para melhorar a visão noturna.
Como a acromatopsia pode impactar a qualidade de vida dos pacientes?
A acromatopsia pode afetar significativamente a capacidade do paciente de distinguir objetos, reconhecer faces e realizar tarefas dependentes de cor. A sensibilidade à luz também pode tornar ambientes brilhantes desconfortáveis. Estratégias de adaptação e suporte psicossocial podem ser importantes para melhorar a qualidade de vida.
Há perspectivas para tratamentos futuros?
Embora não haja cura definitiva no momento, os avanços na compreensão genética da condição oferecem perspectivas promissoras para desenvolvimentos futuros em tratamentos específicos.